A
TEORIA DE ARISTÓTELES SOBRE A REALIDADE E A PERGUNTA DO PROFESSOR CARRASCO
Há
algum tempo atrás quando cursava licenciatura Plena em História na Universidade
Federal Rural de Pernambuco, iniciei uma disciplina, Ciência Política, que por
medo de uma possível reprovação acabei trancando, o professor, famoso por ser
um carrasco reprovador,em sua primeira aula, perguntou aos alunos por que
aquele objeto era considerado uma cadeira. Tal pergunta parecia um absurdo sem
sentido, mas mesmo não compreendendo na época a dimensão filosófica e a
complexidade da questão que o professor queria abordar, nunca me esqueci de tal
questionamento.
Aristóteles formulou uma teoria da
realidade que ficou conhecida como Hilemorfismo Teleológico. Ela recebe esse
nome porque “hilemorfismo” é formada da junção de duas palavras gregas: hylé
(que significa matéria), e morphé (que significa forma). E “teleológico” é
originada da palavra grega télos (que significa fim, no sentido de finalidade).
Sua concepção da realidade recebe esse nome porque, para ele, tudo o que existe
no mundo é composto de matéria e forma (daí o hilemorfismo), e todos os seres
têm um papel, uma função, uma finalidade natural a cumprir (por isso o
teleologismo).
Aristóteles, grande observador da
natureza, achava que o sensível e o inteligível tinham que estar unidos. Para o
filósofo, “as coisas são o que são em sua própria natureza”. Ou seja, a
essência verdadeira do ser é imanente (está no ser, é inseparável dele).
Seguindo
essa linha de raciocínio, Aristóteles concebeu a noção de que todas as coisas
estariam constituídas de dois princípios inseparáveis: matéria e forma.
A matéria é aquilo de que algo é feito.
É o substrato, o material que serve de base para a construção de algo. E forma é aquilo que faz com que uma coisa
seja como é. Tudo o que existe no mundo
compõe-se de matéria e forma.
Exemplo do professor carrasco: Em uma
cadeira de madeira, a matéria (aquilo do qual ela é feita, a sua constituição)
é a madeira, e a forma (o formato, a aparência) é o próprio formato de mesa
(que é a forma que ela assume, a maneira como ela se apresenta). Ela é uma mesa
de madeira por que ela não é nada além disso, logo, descartando as inúmeras
possibilidades, chegamos a conclusão que ela foi feita para ser cadeira.
Nos processos de mudança é a forma que
muda; a matéria mantém-se sempre a mesma.
Por exemplo, se um anel de ouro é derretido para converter-se em uma
corrente de ouro, muda-se a forma (de anel para corrente), mas mantém-se a
matéria (ouro).
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